Os vizinhos de Rondônia estão em festa. Estamos falando no Acre que comemora nesta terça-feira – 06 de agosto – o 122° aniversário da Revolução Acreana, também conhecida como “Guerra do Acre”, que possibilitou incorporar o antigo território “independente” da Bolívia ao Brasil.
Os primeiros passos para a revolução acreana ocorreram em 1889 quando seringueiros liderados por José Carvalho ensaiaram uma revolta contra a administração boliviana nas áreas onde ficavam os seringais. À época os seringueiros declararam independência do Acre, mas o sistema fracassou pelo regime da Bolívia que conseguiu contornar a situação.
Em 1890, o imperador Luíz Galvez, jornalista espanhol naturalizado brasileiro, liderou outra revolta e proclamou a República Independente do Acre. No entanto, a república de Gálvez durou pouco tempo, sendo logo suprimida pelas forças bolivianas com apoio de tropas brasileiras, devido à pressão diplomática.
Já em 1902, o militar idealista e topógrafo gaúcho, José Plácido de Castro liderou a terceira e mais significativa revolta, organizando seringueiros em um exército e obtendo vitórias importantes contra as forças bolivianas.
No ano seguinte, em 1903, ocorreu a assinatura do “Tratado de Petrópolis”, mais precisamente no dia 17 de novembro. Pelo tratado, o Brasil trocou o território do Acre da Bolívia por dois milhões de libras esterlinas e concedeu outras compensações territoriais e comerciais. No projeto, havia a interligação da Bolívia para o escoamento da produção de borracha e outras mercadorias, ao que seria futuramente o território de Rondônia.
Em uma das cláusulas, a concessão de uma faixa de terras para a construção de uma estrada de ferro que facilitasse o acesso da Bolívia ao rio Madeira, e consequentemente ao Oceano Atlântico. A construção da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré foi uma parte importante do acordo, pois visava facilitar o escoamento de produtos bolivianos.
Com isso, a Revolução Acreana e a história de Rondônia estão interligadas através da expansão e consolidação da presença brasileira na região amazônica. Ambas as regiões passaram por processos de colonização, conflitos territoriais e desenvolvimento econômico que moldaram suas histórias.
A anexação do Acre foi fundamental para o desenvolvimento da economia da borracha no Brasil, que viveu seu auge nas primeiras décadas do século XX. Tanto o próprio Acre quanto Rondônia foram fortemente influenciados por esse ciclo, que trouxe desenvolvimento econômico e migração para ambas as regiões.
Com a construção da ferrovia, atraiu imigrantes e trabalhadores de várias partes do mundo, contribuindo para o desenvolvimento demográfico e econômico da região. Hoje, a Estrada de Ferro Madeira-Mamoré é considerada um patrimônio histórico, embora infelizmente esteja desativada.
Concluindo a história dos nossos vizinhos, em 1904, o Acre foi oficialmente transformado em território federal, e em 1962, foi elevado à categoria de estado, consolidando sua posição dentro da federação brasileira. Com isso, o Acre possui uma rica herança cultural, influenciada por povos indígenas, migrantes nordestinos e outras comunidades que se estabeleceram na região.
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